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sexta-feira, 10 de abril de 2009

Teologia, Psicanalise e Medicina - Uma Antinomia.

Com base nos meus estudos sobre Psicopatologia Infantil para as provas do primeiro bimestre de 2009, creio que posso utilizar essa ferramenta para discurssar sobre os meus interesses blog e de certa forma proporcionar ao leitor desse espaço do saber uma lição valiosa.

Temos que iniciar com o significado de Antinomia = paradoxos, contrários.
Com essa definição podemos de inicio definir que Teologia, Psicanalise e Medicina são antagonicas.
Na psicanálise utiliza-se como base Freud e o inconsciente, para psicanálise nada acontece por um acaso.
Na medicina, o médico trabalha com a doença que realmente afeta o paciente, e a Medicina é tratada como sendo um discurso, um discurso próximo de um mestre.
O discurso médico exclui a subjetividade, é exigida ao mesmo a objetividade, o desejo do médico é definido pelo objeto da Medicina.
Já o Teólogo se baseia na fé e nos dogmas (discursos fechados se é que podemos classificar assim).
Discurso Médico X Discurso Psicanalítico X Discurso Teológico:
O hospital é o campo da Medicina, o templo moderna da ciência.
Para o psicologo seu campo de atuação é o consultório, embora hoje em dia existem psicologos hospitalares e teológo que atua como capelão.
Freud iniciou o estudo da histeria, que é de interesse médico, só que o médico não tem resposta para um caso de histeria, após o diagnostico diz: “Vc não tem nada”, assim surge o psicanalista, pois a histeria é subjetiva, campo da psicanalise. Muitos teologos (pastores e padres) que detinham a verdade devido a igreja dominar o conhecimento, trabalharam a histeria como sendo possessão ou opressão, muitos foram queimados devido a essa doença, sendo tratados como loucos, feiticeiros, endemoniados, mas era única e exclusivamente uma histeria.
O que Freud descobre é que a histérica sofre daquilo que não sabe e que esse sofrimento é tão verdade quanto qualquer sofrimento decorrente de um corte no corpo feito sem anestesia.
Para o médico a fala do sujeito deve ser ouvida para ser descartada, a fala para psicanálise é de extrema importância, pois através dela que pode analisar o sujeito, o que o médico descarta para a psicanálise é importante. Para a Teologia a fala muitas vezes deve ser silenciada e dar lugar ao agir de Deus, não devemos questionar ou falar, mas temos que aguardar o melhor do Senhor!
Para o médico o psicanalista é colocado a margem, por sua impotência no discurso médico que deve ser objetivo, os casos que o médico rejeita ou não podem resolver se tornam o que chamamos de lixo, esse lixo é encaminhado para o consultório do psicanlista. Muitos pacientes por não encontrarem a cura no hospital ou consultório, enchem as igrejas evangélicas na sua maioria neopentecostais e pentecostais que de forma pragmatica trabalham a fé e a cura. Se não se tem um ponto em comum, uma não pode ser melhor que a outra, porque a relação que as ordens guardam entre si é de antinomia, apesar disso uma depende da outra.
Uma idéia para o problema seria ao médico cuidar dos casos orgânicos e aos psicanalistas os casos psíquicos, os teologos da religião. Mas é claro que muitos médicos irão atender neuróticos e psicanalistas de inicio também atenderão em seu consultório um paciente com problemas orgânicos, já o teologo atende os dois tipos.
Muitos dizem que os psicólogos são auxiliares dos médicos e assim a psicanálise da medicina, mas não é a verdade, a psicanálise não trata do homem e sim do sujeito do Inconsciente. A Teologia detém para si o título de mãe das ciências, a mesma trabalha o objetivo e subjetivo.
Muitas vezes o médico solicita um psicanalista para apoiá-lo, pois o paciente através de sua história pessoal, sua neurose, coloca o médico num lugar onde não pode fazer nada, a não ser a ajuda de um psicanalista, quando esses dois primeiros são insuficientes a o templo do conhecimento e saber sobre o sujeito se torna o saber teológico, a igreja, a mágia.
Conforme Moretto – O que é angustia, se não aquilo que não tem nomeação, aquilo que é pura expressão do Real por ter escapado à simbolização?
Sintoma: na medicina, mesmo sendo apresentado pelo doente, é constituído pelo médico. É ele quem observa esse sintoma, quem examina, quem o descreve, quem classifica, enfim, quem lhe dá o nome.
Já o psicanalista, não trata de dar nome ou vencê-los, mas de interpretá-los, para Freud o sintoma, embora seja um elemento simbólico que representa alguma coisa e, portanto, está aí para ser interpretado, contém em si mesmo o que há de mais Real e que diz respeito à verdade do sujeito.
Para o Teológo é possível vencer o sintoma, a receita está no divino, entregar os problemas para o Deus do impossível, o Jeová Rafa, que tira toda dor!
Um paciente curado de seus sintomas do ponto de vista médico, muitas vezes não é um paciente curado no ponto de vista psicanalítico e muito menos na teologia.
O médico, o psicalista e o teologo, cujos discursos se cruzam em torno dos mesmos sintomas, mas não se articulam. Tampouco há bem entendido, diálogo entre o paciente e o psicanalista, mas isto é uma outra história que constitui precisamente o objeto de cura psicanalítica.

Recomendo que leiam: MORETTO, M. L. Psicanalise e Medicina. O que pode um analista num hospital? São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.
Esse livro foi a base de meu estudo, acrescentei palavras, como me utilizei do próprio autor.

Recomendo ainda o filme: Freud Além da Alma, filme antigo, não retrata a vida de Freud na integra, mas os ensinos, o que Freud representou e representa para a Psicologia.

Mais um: ROLDÁN, Alberto Fernando. Para que serve a Teologia? - método, história e pós-modernidade.

Leonardo Simões dos Santos

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