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domingo, 17 de outubro de 2010

NÃO TEM CARA DE JOELHO!!!

Olá queridos leitores, segue o texto que fiz como prova na Universidade São Marcos -matéria Fenomenologia, a nota foi dez, onde contei uma história e mesclando as aulas na perspectivas de Merlau Ponty.

Curso: Psicologia Ano/Semestre: 2010/2º
Disciplina: Teorias fenomenológicas, existenciais e humanistas - Turma: 5º ATA
Professor: Renato C. Tardivo
Aluno: Leonardo Simões dos Santos


Não tem “cara” de joelho!

Lucas é o primogênito de Leonardo e Luciene, foi devidamente planejado e resolveu dar o ar da graça antes do tempo, nasceu no dia 13/09/10 às 20:15hs, ou seja, quatorze dias antes do previsto pelo médico.
Seu peso no momento do nascimento era 3.300kg, seu tamanho 47,5 cm., ao sair da barriga quentinha e supridora, a primeira coisa que observei foi sua fisionomia para saber se ele tinha “cara de joelho” como dizem muitos observadores de recém nascidos.
Nos corredores de hospital e entre amigos é muito comum utilizar dessa linguagem (cara de joelho), quero me valer de Merleau-Ponty sobre a distinção que faz da linguagem falada e linguagem falante.
Ponty classifica esse tipo de fala como Linguagem falada - vemos na Magia do Texto (p. 114) que essa fala funciona como um clichê: “Os extremos dessa situação são os clichês, as palavras vazias, as frases-feitas, as palavras de ordem ditas maquinalmente, os discursos de formatura, as mensagens de natal e de fim de ano, por exemplo.” - Nesta linguagem o signo já está estabelecido e a linguagem feita.
Com uma percepção aguçada e pela lente da câmera filmadora via seus cabelos totalmente molhados pelo líquido que hidratava sua pele, seus olhos não abriam para ver a luz e o novo mundo que acabara de descobrir, seus membros superiores e inferiores se moviam agitados, seus ouvidos podiam escutar um zumbido que dizia: “Filho você é lindo”, o nariz era igual da mamãe, suas bochechas sem dúvidas do pai, suas mãos eram grandes para um bebê prematuro, seu órgão genital definia o seu gênero: masculino. O som do choro era agudo que tinia os ouvidos, era um bom sinal, o Lucas estava vivo!
Ao encontrar a mamãe devotada, seus rostos se uniram, a simbiose era tão forte, que o choro desvaneceu o frio da sala de parto era como pólo norte para quem tinha acabado de sair do Rio 40º, o Lucas foi levado para outra sala, local que teria os primeiros cuidados e observações.
O nome da mãe foi marcado em uma fitinha que ficaria junto do pulso e calcanhar do bebê até a saída do Hospital, ali mediram sua cabeça, seu quadril, seu tórax, sua estatura, seu peso, marcaram seus pés. Os médicos que ali examinavam o Lucas passaram algumas informações importantes referentes ao bebê prematuro.
Depois foi enrolado unicamente em um lençol e voltou para sala de parto para rever a mamãe supridora que chorava pela felicidade de ser fértil. Após o segundo encontro, ele seguiu calmamente para o berçário, o papai que filmava todos os momentos não podia se servir do berçário, mas ficou do lado de fora, observando sua chegada pela grande janela de vidro que abrigava muitos espectadores, a janela era uma barreira que nos separava por alguns minutos, os parentes que ali estavam comentavam felizes, parece com o pai, outros achavam que era parecido com a mãe, ouvi algumas vozes que diziam: “olha a covinha”, já os não parentes também palpitavam: “que bebê com cara de homenzinho”.
Percebe-se que os comentários saíram da fé-perceptiva, a transfiguração é criada, fundando um novo olhar a partir do antigo.
Um rapaz que eu nunca tinha visto antes suspirou em alta voz: “Ele não tem cara de joelho!” – Assim, surgiu a linguagem falante, a linguagem autêntica, criativa, a observação desse rapaz foi surpreendente, fez com que eu virasse e mirasse em seus olhos. – Por fim completou: “Ele é seu filho? - Parece com você.”

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